Número de praticantes da doutrina espírita cai 7,6% no Ceará em 12 anos
Entre 2010 e 2022, o quantitativo de praticantes foi de 46.756 para 43.194, de acordo com dados do mais recente censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
O número de pessoas adeptas da religião espírita no Ceará teve queda de 7.6% entre os anos de 2010 e 2022. Nesses 12 anos, o quantitativo de praticantes foi de 46.756 para 43.194, conforme dados do mais recente censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado na última sexta-feira, 6.
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Apesar da leve diminuição em termos numéricos, na análise percentual houve uma "relativa estabilidade" no número de adeptos da crença, conforme pontuado por instituição. Em 2010, os espíritas representavam 0,59% da população cearense, quando em 2022 a representação ou a ser de 0,57%.
Entre os adeptos, 24.241 são mulheres, o que representa 0,32% do contingente cearense. Em contrapartida, há 18.952 homens praticantes da religião no Estado, uma parcela de 0,25%.
Número acompanha o cenário nacional, uma vez que o Brasil também apresentou uma queda no número de religiosos do tipo. Em 2010 eles eram 2,2% da população brasileira, caindo para 1,8% em 2022.
Dados censitários mostram ainda que os praticantes do espiritismo, dentre todas as religiões analisadas, são aqueles com menor taxa de analfabetismo no Ceará, de 1,8%.
Também são os espíritas que apresentam os menores percentuais de indivíduos sem instrução e com ensino fundamental incompleto (10,5%), e o maior percentual de nível superior completo (48,1%).
Eusébio é o município com a maior proporção de espíritas
Em relação as cidades cearenses, Eusébio registra a maior proporção de espíritas no Estado. São 1.081 pessoas praticantes da religião no município, representando cerca de 1,1% da população regional.
De acordo com o teólogo Victor Breno, para entender o motivo da concentração no local é necessário estudar mais a fundo dados sobre questões econômicas, sociais e educacionais.
"Mas, intuitivamente, os dados gerais apontam que os espíritas no Brasil são aqueles de maior renda, brancos e escolarizados. Talvez, pela concentração de uma população com alto PIB e essas características, lá (no Eusébio) acabe concentrando esse perfil religioso também", frisa o profissional.
Mudança pode ser explicada por maior identificação a religiões afro-brasileiras
Já a queda dos número de praticantes, segundo o teólogo Victor Breno, pode ser explicada por duas razões. A primeira é que, conforme aponta, muitas pessoas de religiões afro costumavam se apresentar antigamente como participantes do espiritismo, pois assim teriam mais "respeito" e aceitação social.
"Com a valorização da cultura afro, o combate a intolerância religiosa e personalidades públicas que defendem e propagam, sobretudo a umbanda e o candomblé, houve agora uma maior identificação com estas últimas", destaca. Segundo censo, essas religiões mais do que triplicaram em 12 anos no Ceará.
"Outra explicação possível é que alguns dos recentes casos de escândalo, especialmente o caso do João de Deus, gerou uma pequena evasão de pessoas decepcionadas ou insatisfeitas com relação ao espiritismo", completa, citando o ex-líder espiritual que foi condenado por crimes sexuais.